domingo, 20 de fevereiro de 2011

Não estamos sozinhos

 
Internei-me  novamente para fazer outra sessão da Metrotexato (essa é mansinha, ou quase...) . Durante a semana conheci a Lorraine, ela tem 16 anos e tem osteosarcoma assim como eu, mas o dela é no joelho. Ela esta um ciclo na minha frente. A Lorraine é super gente boa, e me animou muito conhecê-la. Conheci também a Gabi que tem 17 anos e teve osteosarcoma em 2007, mais depois do tratamento o tumor voltou e ela teve que amputar. Ela recomeçou outra luta e agora está no final do tratamento e em seguida vai colocar uma prótese. A  Gabi é um exemplo de superação, ela é super alto astral e passa uma segurança incrível para as pessoas. Além delas, eu conheci o Bruno que é o mais novo nessa nossa “turma”, tem 13 anos, e tem osteosarcoma no joelho, como a Lorraine, só que ele já fez a cirurgia e esta no final do tratamento, quase curado. O Bruninho é uma gracinha, super gente boa, e me mostrou  que somos todos capazes de superar essa fase dificil. Nossas mães ficaram super companheiras, uma apoiando a outra no momentos mais difíceis. Foi bom demais  conhecer eles. Quando a gente pensa o porque isso acontece com a gente, vê que isso pode acontecer a qualquer um. Então fica mais leve tentar superar. Todos podemos conseguir. Eu conseguí entender que não podia me deixar abalar por esse “tal” de câncer; eu sei que posso vencê-lo. Eu VOU vencê-lo!.
Bem, naquela semana tive um pouco de febre e  só pude ir embora junto com o Bruninho, no sábado. Voltei para casa de Tia Dária, sempre meu refúgio depois das “quimio” . E neste fim-de-semana meu daddy veio me visitar.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Eu conhecí o pequeno príncipe

                                



O nome dele é Juan, e ele tem inacreditáveis dois aninhos. Eu o conheci no Hospital da Baleia durante o meu terceiro ciclo de “quimio”. Ele tem um tumor no cérebro e estava no hospital tentando se adaptar ao tratamento quimioterápico. Uma figura doce que me fez aliviar o coração da minha própria dor, a mim e a todos que o conheceram. Ele tem um tumor, é quase um bebê, e fala coisas de encantar qualquer um. E o  Juanzinho veio no meu quarto me visitar: “ e ai você tá jóia?” me perguntou aquele doce bebê. “Eu tô e você?”. Resposta: “ele não tá bem hoje não”. “Por que Juan?” “Ele perdeu o acesso.” Geeeeente, pára tudo! ele fala na terceira pessoa, de um jeitinho mais adorável de ser.  Nos surpreendia com sua força, e quando passávamos na porta do quarto dele ele dizia: “Vem ver o  Juan, vem!” Quem não se derretia todo por esse pequeno príncipe? Juan é super inteligente e esperto, e na verdade não “adorava” as enfermeiras pois tinha medo. “Não machuca o  Juan”, ele dizia. Mas como alguém ia poder machucar essa fofura? Ele encantava a todos, adorava pedir coisas: “ Tia Paula o Juan quer dinheiro”, falava com a enfermeira. “ Gente, ele tá com fome, ele quer pão”. Uma ótima dele é que a mãe, por não saber o nome de uma moça da limpeza da qual ele gostava muito, disse a ele que ela era a tia “Zoiuda”. Assim que ela entrou no quarto o Rhuan disse: “Tia Zoiuda, o Juan quer bolo redondo”. O bolo redondo é panetone, pois era época do Natal e ele tinha experimentado e adorado. Esse “Tia Zoiuda” foi tudooo! Ele parecia que tinha uma “bateria” ligada e que nunca descarregava, nunca acabava, e isso que me fez cada dia mais gostar dele. No dia que eu ganhei alta fui me despedir do Juan. “ Não vai embora não, não deixa o Juan aqui não”. Ele disse todo tristinho. “Eu volto pra te ver” eu respondi e meu coração ficou apertado diante daquele pequeno esboço de gente grande. Eu estava com um presente que eu iria dar à minha médica, ele como sempre “pidão” disse: “ Ele quer presente”. Como não ceder a um apelo desses? Eu não tinha nada, mas me lembrei de uns lápis decorados, da loja da tia Tetê. Peguei um e ofereci à ele. Ele olhou para o presentinho, olhou para o que eu tinha nas mãos e eu perguntei: “E aí Juan, gostou?” O espertinho: “ele não gostou não, ele quer o outro”. Claro, pois o embrulho era muito maior.

Esse foi o meu encontro com uma versão real do Pequeno Príncipe. Que falava na terceira pessoa, que tinha uma palavra na ponta da língua, e cuja imagem jamais vou esquecer. Quando voltei ao hospital da baleia tive noticias do Juanzinho. O estado dele havia se agravado por causa de uma infecção e foi transferido para o CTI de outro hospital infantil. Atualmente está se recuperando e eu espero rever a sua carinha doce.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

O Hospital da Baleia

No meio da semana, a saudade que eu tinha de casa, fez meu pai me levar para  Montes Claros. Adorei o modo como fui recebida. A  Rosa, a moça que trabalha na minha casa, me paparicou até, fez sopinhas, e um monte de comidas que eu adoro. Reví a Bruninha, isso foi das coisas mais importantes. No dia 3 de novembro eu teria outra consulta com a Dra.Karine em BH,  e a próxima quimio ficou marcada para o dia 7, um domingo.  Dessa vez era uma outra medicação, um remédio chamado Metotrexato, e que diziam ser mais fraco. As quimioterapias seriam intercaladas entre esses dois remédios: Cisplatina e Metotrexato. Nomes imponentes, não? Um protocolo de tratamento com 16 ciclos de quimioterapia. Esse é o número 2.
Essa internação e as próximas serão feitas no Hospital da Baleia, recomendado pela médica, por estar situado num lugar mais afastado, muito tranquilo, e que seria melhor para minha recuperação. Lá fomos nós, Hospital da Baleia. Sem meu pai (Meu daddy). Ele  não podia estar presente, já que tinha muito trabalho acumulado em Montes Claros.  Para compensar, além da Mamãe, foram  meus tios (Tio Marlindo, Tia Dária, Dinda (Tia Sandra), e Tia Tetê e o Tio Calique. Houve um problema na recepção, sobre a liberação do apartamento para eu ficar. Enquanto isso se resolvia meu Tio Marlindo e eu passeávamos de cadeira de rodas. Quando liberaram um apartamento, subimos todos, e as enfermeiras eram bem simpáticas, mas aquele hospital que parecia um sanatório me deixou um pouco assustada. Comecei a hidratação com soro nesta mesma noite e na  segunda-feira começou a quimio, e foi mesmo bem mais tranquilo em relação a outra (Cisplatina), que Dinda chama de “A brava”. No final da semana  eu estava me sentindo muito bem, só que para receber alta não dependia de como eu estava me sentindo, ou seja, “doida” pra ir embora, mas do exame de sangue, que eu fazia todos, os dias após a quimio, até que o nível do remédio no meu sangue ficasse bem baixo. Aí então... fériaaaas!
Minha acompanhante constante, claro, é a minha mãe. Durante essas internações, a tarde geralmente são revezadas entre Minha Tias Dária e Tetê. Tia Tetê sempre trás todas as revistas de adolescentes e joguinhos para ajudar o tempo a passar. Aliás, ela apanha bastante de mim nesses joguinhos (mas, um dia ela supera). Outra mordomia é a comida que tantas vezes trazem ,de fora, pra mim. A comida do hospital não me atrai nem um pouco. Deve ser o clima. Minha alta saiu afinal, mas só na sexta-feira. Cheguei na casa da Tia Dária bem fraca, mas bem melhor do que da última vez. E no sábado meu pai veio me visitar.  Mais uma batalha vencida.



 Desde janeiro de 2005, a campanha “Adote o Hospital da Baleia” incentiva os clientes Araujo a doarem o seu troco ou parte dele para o Hospital da Baleia. Graças à generosidade das pessoas, já foram arrecadados mais de 5 milhões de reais, que são repassados integralmente à campanha, em prestações de contas periódicas e auditadas pela Vaz & Maia Auditores Independentes. Essa arrecadação ajuda a manter o hospital e possibilita que a Fundação Benjamin Guimarães realize várias melhorias, como a ampliação do número de leitos dos CTIS adulto e pediátrico. Isso não é bacana?
 http://blog.araujo.com.br/2010/12/agenda-2011/